Produção de carne bovina deve subir 0,6% em 2015, estima Agroconsult

A produção deste ano foi projetada em 10,134 milhões de toneladas de carne in natura com osso (ou equivalente carcaça, no jargão do setor), contra 10,075 milhões de toneladas em 2014.

A consultoria chegou a projetar alta de 2 por cento para este ano, mas revisou os dados levando em conta a situação de mercado e também das pastagens.

As condições dos pastos e dos confinamentos do país foram avaliadas na expedição técnica Rally da Safra, que percorreu onze Estados e cujos resultados foram apresentados em um evento nesta quarta-feira em São Paulo.

“Tenho oferta de forragem maior do que tinha em anos anteriores… A tendência é que os produtores consigam segurar mais animais nas fazendas”, disse o analista Maurício Nogueira, da Agroconsult.

As pastagens do centro-sul do país foram afetadas por um período de forte seca no início de 2014, mas têm se recuperado nos últimos meses, em parte com a ajuda de chuvas acima da média provocadas por um fenômeno El Niño moderado.

A boa situação dos pastos deslocou o pico das vendas dos pecuaristas, que geralmente ocorre quando começa a temporada seca.

“O momento que a gente sempre teve em maio foi deslocado agora para junho e julho, porque choveu mais e a gente teve condições de guardar esses animais nos pastos”, afirmou Nogueira.

Essa maior oferta se reflete nas cotações, que caíram quase 5 por cento desde o pico histórico registrado em meados de abril. O indicador Esalq/BM&FBovespa do boi gordo fechou em 143,71 reais por arroba nesta quarta-feira, ante máxima de 150,65 reais em 20 de abril.

O ano começou com desaceleração na produção de carne no país. Os dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram, na semana passada, que os abates de bovinos nos três primeiros meses do ano ficaram 7,7 por cento abaixo do mesmo período de 2014.

A Agroconsult não estimou ainda o volume de abates do período entre janeiro e junho, mas os indicativos são de forte atividade a partir de agora.

“A gente imagina que tenha sido represada parte da produção do primeiro semestre”, disse o analista.

A retenção de fêmeas deve ser o grande fator de dúvida sobre a oferta de animais nos próximos meses.

É certo que os pecuaristas estão abatendo menos fêmeas, para produzir um rebanho maior no futuro e embolsar os lucros com os preços aquecidos, mas o tamanho desta retenção ainda é desconhecido.

“O grande fiel dessa balança é quanto por cento o produtor vai segurar de fêmeas (no segundo semestre). O produtor está olhando para a fazenda e vendo que tem pasto. Ele fala ‘dá para segurar’. Se isso ocorrer, a gente pode terminar o ano com rebanho maior que o esperado”, disse Nogueira.

Em relação ao confinamento de bovinos no Brasil, a Agroconsult estimou 5,19 milhões de cabeças confinadas em 2015, ante 4,67 milhões em 2014.

Autoria: Reuters

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