A pecuária tem registrado altas consecutivas neste ano, sendo que a média da arroba do boi gordo passa de R$ 120 em Mato Grosso, de acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). No entanto, o custo de produção também tem se elevado e os pecuaristas do Estado já mostram preocupação com este cenário.
Para quem faz ciclo completo, no caso do pecuarista Invaldo Weis, as vacinas (+12,65%), fertilizantes e corretivos do solo (+14,65%) foram os que mais subiram no custo de produção no primeiro semestre deste ano, com relação ao ano passado, conforme dados do Imea.
O produtor cria 1,2 mil cabeças de gado em uma propriedade em Santa Carmem, região Médio-norte de Mato Grosso, e, apesar de comemorar a alta da arroba neste ano, já sente a alta nos custos no campo e aponta os culpados. “O que tem impactado no custo de produção da carne é a reforma de pastagem, o frete que subiu bastante e, especialmente, mão de obra que, além de subir bastante, não tem. Você não acha um cara para arrumar uma cerca, para consertar um coxo de sal, essa é a parte mais complicada hoje”, conta.
Quanto ao frete, o pecuarista diz que são dois problemas. Na hora de embarcar o gado para abate, o impacto nos custos vem do reajuste no valor do óleo diesel. Para trazer os produtos para a fazenda, é a concorrência com as lavouras que muitas vezes atrapalha.
Pelos seus cálculos, os gastos com o frete subiram em torno de 18% a 20% de 2013 para este ano. “Pela escassez de caminhões, na safra de soja já tinha subido bastante, agora para tirar o milho, que estão exportando agora. Então, os caminhões estão a todo vapor, trabalhando. Isso para puxar calcário e adubo para a fazenda paga mais caro”, comenta.
Na hora da reposição, os gastos também são maiores. Weis acredita que um bezerro macho na desmama, de sete a oito meses, gere um custo de aproximadamente R$ 960 na fazenda, bem superior ao ano passado, quando o animal na mesma idade gerava um custo de R$ 750 a R$ 800, dependendo da região.
A alta da arroba foi o que salvou as contas do pecuarista este ano. “No ano passado, quando estava encerrando o confinamento, no início de outubro eu peguei o preço de R$ 92 a R$ 93 na arroba. Esse ano, na mesma época, eu peguei até R$ 120 a R$ 122. Essa diferença é que deu um fôlego para o pecuarista e hoje já se fala em arroba a R$ 132”, afirma.
A alta também aliviou o bolso do pecuarista Vilmar Gianchini, que compra e vende bezerros em Cláudia, também no Médio-norte do estado. Ao vacinar o rebanho de 400 cabeças contra a febre aftosa, ele sentiu na prática a nova realidade de preços da região.
“Pagava um real e hoje está R$ 1,40, R$ 1,30, R$ 1,28. Então tudo isso subiu demais. A preocupação nossa é que hoje a arroba está em um pico elevado, mas até quando vai suportar esse preço. E na hora que retornar o preço da arroba, será que var ter também um recuo dos produtos que compramos?”, questiona Gianchini.
Para que os custos não se tornem prejuízos, os pecuaristas torcem para que a arroba continue em alto por um bom tempo. “A perspectiva, no meu ponto de vista, é boa para o futuro. Temos as portas abertas para a China, para entrar com carne bovina. Na Rússia já está indo alguma coisa, além de outros mercados internacionais. Então, acho que está num momento bom para a pecuária”, diz Invaldo Weis.