Yang Wanming recusou-se a comentar sobre quantas unidades de processamento de carne poderiam ser aprovadas para exportar para a China, mas disse que a questão será discutida quando a ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina, viajar para a China em maio.
Novas permissões de exportação podem ser anunciadas quando o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, visitar Pequim no mesmo mês, disse Yang.
“Acreditamos que, através da cooperação dos ministérios da Agricultura dos dois países e seus departamentos de inspeção de qualidade, mais produtos agrícolas e animais brasileiros possam ser importados para o mercado chinês”, disse Yang.
Até 78 unidades brasileiras de processamento de carne poderiam ser adicionadas à lista de autorizadas a exportar para a China, de acordo com uma pessoa a par do assunto.
O potencial aumento das exportações de carne do Brasil para a China vem em um momento em que analistas alertam que as negociações entre os Estados Unidos e a China para aliviar as tensões comerciais podem prejudicar a demanda pela soja brasileira.
O Brasil é o maior exportador mundial de soja e carne bovina. As compras chinesas dispararam depois que o país asiático impôs tarifas sobre a soja dos EUA em resposta a outras tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump.
Independentemente de um acordo ser fechado, Yang disse que a demanda chinesa por soja brasileira permanece estável.
“Eu pessoalmente acho que não há necessidade de se preocupar”, disse ele.
A demanda por rações animais produzidas com commodities como a soja pode cair na China, na medida em que um surto de peste suína africana se espalha pelo país. O governo já abateu mais de 1 milhão de porcos para tentar controlar doença.
O Rabobank estima que até 200 milhões suínos devem ser mortos, o que reduziria a produção chinesa em 30%. Com isso, a importação de carne de porco do país pode dobrar em 2019, segundo os cálculos do banco holandês.
Mais investimentos
O investimento chinês no Brasil atingiu uma máxima de sete anos em 2017, mas os números do ano passado, que não foram divulgados, devem apresentar queda, impactados por uma eleição imprevisível que viu a vitória do presidente Jair Bolsonaro.
Bolsonaro expressou ceticismo na campanha eleitoral sobre o aumento do investimento chinês no Brasil, mas Yang disse que teve uma longa reunião com o novo presidente em março, na qual Bolsonaro disse que se esforçaria para ampliar a cooperação bilateral.
O investimento chinês pode voltar a crescer em 2019, disse Yang, embora isso dependa, em parte, do plano de Bolsonaro de reativar o crescimento econômico com reformas previdenciárias e fiscais.
O embaixador disse que a empresa de telecomunicações chinesa Huawei Technologies estava “muito interessada” em colaborar com o Brasil no desenvolvimento da tecnologia de comunicação móvel de quinta geração (5G).
No entanto, decisões mais concretas precisariam esperar que o governo brasileiro anunciasse posições políticas sobre como a tecnologia deveria ser desenvolvida, disse ele.
Os Estados Unidos têm pressionado para impedir a Huawei de desenvolver a tecnologia 5G em países da Inglaterra à Austrália, dizendo que o equipamento da empresa poderia ser usado pelo Estado chinês para espionagem.
A Huawei nega essas alegações, e a China diz que os Estados Unidos não apresentaram provas concretas para respaldar seus argumentos.
Yang também disse que a estatal China Communications Construction e a China Railway Engineering Corp estão estudando propostas para as ferrovias Ferrogrão e Fiol, que o governo brasileiro planeja leiloar este ano. Mas as decisões finais sobre a entrada nas licitações ainda não foram tomadas, acrescentou ele.
Fonte: Reuters.