O cenário econômico do País deve incentivar operações no mercado futuro para o setor pecuário. A análise é de Leandro Bovo, membro da Câmara Consultiva do Boi Gordo da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa).
“Quanto maior o risco e a incerteza, maior deve ser a demanda por proteção e necessidade de gestão e controle de risco“, avaliou Bovo.
O analista acredita no crescimento da produção de carne bovina em confinamento no País em função da crescente necessidade de ganhos em produtividade em todos os setores da agropecuária. “O confinamento é uma atividade intensiva no processo de engorda, que ocorre de maneira mais rápida e oferece a vantagem de agregar produtividade, por isso a necessidade de confinamento deve ser cada vez maior.”
Novas tecnologias
O analista falou no VI Seminário Confinatto realizado em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, para discutir quais tecnologias serão importantes para ajudar na produção de carne de qualidade, segura e economicamente viável.
O encontro reuniu as principais lideranças da cadeia produtiva, que detêm cerca de 30% do rebanho de gado confinado do País. Realizado pela Agroceres Multimix, o evento debateu as principais tendências da pecuária e trouxe um panorama do atual cenário para o produtor.
Ao final do evento, Fernando Pereira, diretor executivo da Agroceres, revelou que mesmo com a insegurança quanto ao futuro da economia brasileira, o mercado de carnes deve crescer este ano entre 7% e 9% podendo chegar aos 10%. “É uma notícia otimista apesar do cenário econômico do País“, afirmou Pereira.
Rentabilidade
Bovo apresentou operações do mercado futuro como ferramentas para gestão de riscos no confinamento e mostrou o uso de ferramentas do mercado futuro de fácil aplicação no dia a dia da fazenda.
Defendeu operações no mercado futuro como estratégia para reduzir os riscos da atividade e garantir a rentabilidade no campo. “Uma vez que o produtor tem seus custos de produção bem definidos, ele pode fazer uma operação no mercado futuro para definir sua rentabilidade“, diz ele defendendo o uso de operações de hedge para travar os preços do boi.
“O confinamento é uma atividade muito intensiva em capital e com risco elevado, por isso a gestão de risco é tão importante“, afirma.
Ano desafiador
Bovo revela que 2015 está sendo um ano muito desafiador para a pecuária, por vários motivos. “O ambiente macroeconômico será muito tumultuado, com pressão constante da inflação, muita volatilidade no câmbio, expectativa de aumento de desemprego e crescimento baixo do PIB. Todos os setores da economia estão vendo esse cenário e se preparando pra ele, ajustando para baixo o seu nível de estoque.”
Cenário melhor
Para Leandro Bovo, “neste ano com estoque em preços recordes, o que sempre gera certa apreensão, pois em caso de queda de preços, o risco de prejuízo é maior“.
“A boa noticia é que a expectativa é de oferta bem ajustada e aumento da retenção de fêmeas pelos preços altos do bezerro, o que acaba limitando qualquer pressão baixista no mercado. A curva de preços futuros, embora ainda com pouca liquidez, tem indicado preços remuneradores para 2015 que vai ser um bom ano para a pecuária“, finaliza.