Esse foi o cenário, esboçado por especialistas no VII Simpósio` ” O Futuro está aqui”´, realizado em Rondonópolis (MT). O evento reuniu criadores, pesquisadores, técnicos e especialistas, que debateram o tema pecuária sob a ótica da política, manejo e mercado. A boa notícia é que Mato Grosso assume destaque importante nesse processo.
Para o professor doutor da Fundação Getúlio Vargas, Alexandre Mendonça de Barros, a demanda por carne vermelha no mundo é muito forte e vai aumentar ainda mais. “Mato Grosso tem o maior rebanho hoje, ao lado da maior área agrícola. O estado tem tudo para se beneficiar, não tem momento melhor. Os ciclos pecuários dos Estados Unidos e Austrália são de oferta restrita e retenção de matrizes. Os preços de arroba aqui no Brasil, estão batendo recordes, mesmo com a indústria abatendo um número considerável de animais´´, explicou Mendonça de Barros.
Segundo o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, a economia vai crescer em torno de 1% em 2015 e com um pequeno aumento na inflação. “Vamos ter uma equipe econômica no Governo mais coesa para bater as metas do superávit primário. Um aumento na taxa de desemprego que exigirão mais dos planos Sociais. Um cenário de pouco crescimento, mas sem recessão e sem deflação. O momento é delicado, porém Mato Grosso por ter uma economia lastreada no agronegócio vai sentir menos esse cenário desfavorável”, salientou Rodrigues.
Intensificação – No evento foi apresentado os primeiros resultados do Projeto Canivete Suíço, de autoria da empresa Nutripura em parceria com a equipe do professor da Esalq-USP, doutor Moacyr Corsi. O projeto atua em 11 propriedades, em diferentes municípios, com área total de 17 mil hectares e consiste na intensificação de áreas de pastagens, com o intuito de aumentar a produtividade e a lucratividade dessas áreas, cada vez mais pressionadas por outras atividades, como a soja por exemplo.
“Não adianta ter produtividade sem a lucratividade. O objetivo é fazer com que a atividade de pecuária seja competitiva, tão ou mais rentável que a agricultura, quando se usa o mesmo nível de tecnologia. Para isso é preciso interação entre produtor, colaboradores e consultores. Isso possibilita ao produtor a decisão de continuar na pecuária ou migrar para agricultura ou participar das duas atividades simultaneamente. A partir daí, as decisões são baseadas no mercado e não mais na visão retrógrada de que a pecuária é o patinho feio do agronegócio”, ressaltou Corsi.
Dia de Campo – O dia de campo foi realizado na Fazenda Jaçanã, localizada a 75 km de Rondonópolis. A propriedade possui 703 hectares de pastagem com cerca de 85 % de intensificação. Hoje a fazenda possui 3200 bezerros e garrotes que serão recriados até maio e enviados para confinamento. “O gado chega aqui com cerca de 200 kg e são enviados para confinamento com no mínimo 360 kg em no máximo 12 meses”, zootecnista e gestor da propriedade, Fábio Neves. No ciclo 2013/2014, a fazenda alcançou a lucratividade de R$ 1.500,00/ha, o que representa cerca de 25 sacos de soja de lucro por hectare.
Segundo o gestor, a parceria com a Nutripura e com o ‘Canivete Suíço’ trouxe mais precisão e profissionalismo, o que é importantíssimo para o sucesso de um sistema de produção intensivo e com giro rápido como o da Jaçanã. “O resultado dessa parceria foi mais lucratividade por hectare e isso tem nos deixado muito animado. A nossa rentabilidade dobrou”, declarou.
Para o diretor técnico da Nutripura, Luciano Resende, o pecuarista é a fonte de inspiração para a empresa. “Temos que incentivá-los e mostrar o caminho para alcançar os resultados positivos. Esse caminho passa pelo uso de tecnologias que são capazes de transformar a realidade de cada produtor. O negócio é muito bom, mas os pecuaristas precisam de parceiros comprometidos com a sustentabilidade dos seus sistemas de produção”, afirmou Resende.