onfira abaixo o sumário do relatório:
Visão global
Diagnóstico: baixo crescimento e deterioração das contas fiscais
Os dois principais problemas estruturais da economia brasileira são o baixo crescimento econômico e a deterioração das contas públicas:
– O crescimento do PIB ficou próximo de 2,0% ao ano em média entre 1980 e 2018, com a maior parte desse crescimento vindo de fatores demográficos. A produtividade do trabalho cresceu apenas 0,2% ao ano, em média, no mesmo período. Nos últimos anos, a dinâmica da produtividade foi ainda pior.
– As contas públicas têm estado em uma trajetória de deterioração significativa nos últimos anos devido ao forte crescimento das despesas primárias, especialmente as obrigatórias. A próxima administração precisará implementar um forte ajuste fiscal para estabilizar a dívida bruta como uma porcentagem do PIB no médio prazo.
Solução: reformas microeconômicas e fiscais
A nova administração terá que se concentrar no processo de consolidação fiscal e na agenda de produtividade para colocar o país de volta no caminho do desenvolvimento sustentável:
– Agenda de produtividade: A baixa produtividade do país é explicada por uma combinação de fatores. Entre as principais medidas nessa área, destacam-se a reforma tributária, a abertura da economia brasileira ao comércio, a competitividade do sistema bancário, as privatizações e a reforma educacional.
– Consolidação fiscal: As despesas obrigatórias são responsáveis pela maioria das despesas primárias, com a contabilidade da previdência social para a maioria dessas despesas. A reforma da seguridade social é necessária, mas dificilmente será suficiente para resolver todo o problema fiscal do país. O congelamento dos salários do setor público, a redução dos subsídios fiscais e até mesmo o aumento da carga tributária são medidas adicionais que poderiam ser abordadas.
Cenário base: ambiente benigno para reformas
A maioria das reformas necessárias que exigem a aprovação do Congresso brasileiro nos próximos anos precisa de uma maioria qualificada ou de 60% dos membros de cada casa do Congresso.
Na eleição geral de 2018, o partido do presidente eleito conseguiu se tornar um dos partidos com maior número de representantes na Câmara dos Deputados e conquistou quatro cadeiras no Senado.
O Congresso se tornou mais alinhado com a ideologia do presidente eleito, com partidos de centro e de direita aumentando sua representação à custa dos partidos de esquerda, que agora detêm cerca de 30% e 22% dos assentos na Câmara dos Deputados e no Senado , respectivamente.
O forte desempenho de Jair Bolsonaro tanto no primeiro turno quanto no segundo turno e a alta influência de seu apoio nas eleições para governador indicam que o presidente eleito não terá baixa popularidade no início de seu mandato.
O primeiro ano de mandato presidencial é muito produtivo. O Congresso aprovou, em média, duas emendas constitucionais de autoria do poder executivo no primeiro ano de cada mandato presidencial desde 1995. Além disso, 45% das emendas constitucionais aprovadas ocorreram no primeiro ano do mandato do presidente.
O Congresso vem debatendo algumas reformas importantes (por exemplo, previdência social) nos últimos anos, o que torna as perspectivas de aprovação dessas medidas mais favoráveis.
O cenário macroeconômico (por exemplo, atividade econômica, emprego e inflação) continua melhorando e deve contribuir positivamente para a popularidade do novo presidente.
Cenário base: maior crescimento do PIB e inflação estável
Nosso cenário de linha de base pressupõe que a próxima administração será capaz de obter a aprovação de algumas reformas importantes, particularmente as reformas previdenciária e tributária. Também esperamos progressos nas concessões e programas de privatização, bem como a redução das barreiras comerciais.
Estamos prevendo:
– Continuidade da recuperação econômica: esperamos crescimento do PIB de 3,0% em 2019 e de 2,5% em 2020, impulsionado
principais componentes da demanda doméstica, particularmente o consumo doméstico e os investimentos.
– Inflação baixa e estável: a inflação deve aumentar de 3,7% em 2018 para 4,2% em 2019 e 2020. A alta capacidade ociosa permitirá que a inflação permaneça baixa nos próximos trimestres, e a ancoragem das expectativas em relação à política fiscal deve manter a dinâmica da economia. taxa de câmbio menos volátil.
– Normalização gradual da política monetária: O cenário de inflação baixa e estável permitirá ao Banco Central do Brasil normalizar a taxa de juros de maneira mais suave, com a taxa básica de juros Selic atingindo 8,0% ao final de 2019 e 9,0% em 2020.
– Desequilíbrios fiscais mais baixos: A aprovação da reforma previdenciária e o uso de receitas não recorrentes devem contribuir para uma melhoria significativa das contas fiscais no curto prazo.
– Manutenção de uma posição externa forte: As altas reservas internacionais, a baixa dívida externa e as entradas de investimentos estrangeiros diretos superando em muito o déficit em conta corrente continuam a sugerir baixa vulnerabilidade das contas externas.
Riscos: reformas não robustas e taxas externas mais altas
Os principais riscos negativos são:
– Aprovação de uma reforma da previdência social menos robusta, levando a um descolamento das expectativas de mercado
de sustentabilidade das contas fiscais.
– Ciclo de aperto monetário mais rápido e mais forte nos Estados Unidos.
– Crescimento abaixo do esperado da economia chinesa.
– Intensificação da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China.
Os principais riscos positivos são:
– Aprovação mais rápida de reformas tributárias e de produtividade, levando a uma valorização renovada nos preços dos ativos domésticos.
– Estímulo monetário ainda mais significativo, levando a uma aceleração mais substancial da atividade econômica e à redução da percepção de risco fiscal.
– Uma agenda mais ampla de privatizações e concessões do que aquela incorporada em nosso cenário de base, que promoveria crescimento e produtividade de curto prazo.
Agenda fiscal é o principal risco doméstico para 2019 e 2020
Riscos positivos
- Aprovação mais rápida de reformas fiscais e de produtividade.
– Estímulo monetário ainda mais significativo.
- Maior agenda de privatizações e concessões.
Riscos negativos
- Aprovação de uma reforma da previdência social menos robusta.
- Ciclo de aperto monetário mais rápido e mais forte nos Estados Unidos.
- Crescimento menor que o esperado da economia chinesa.
- Intensificação da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China.
– Maior deterioração das contas fiscais de estados e municípios.
- Contágio devido à deterioração adicional dos fundamentos em alguns mercados emergentes.
Aumento da aversão ao risco global aumentaria a inflação
Estimamos nossa versão do modelo de equilíbrio geral estocástico dinâmico (SAMBA) do banco central para entender o impacto dos riscos externos em nosso cenário de caso-base.
Por exemplo, supondo um aumento acentuado da aversão ao risco, medido pelo VIX atingindo o mesmo nível observado durante a crise financeira global de 2008, veríamos o seguinte: a aversão ao risco doméstico aumentaria consideravelmente e a taxa de câmbio se depreciaria acentuadamente. Como resultado, a inflação ao consumidor no comparativo ano-a-ano aumentaria consideravelmente, antecipando o ciclo de aperto monetário.
Função de resposta ao impulso de cada variável para choque na aversão ao risco externo do VIX
Fonte: Fonte: Bloomberg, Banco Central do Brasil, Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE), Credit Suisse
Banco Central anteciparia ciclo de aperto
Apesar da alta capacidade ociosa e da dinâmica benigna da inflação ao consumidor nos últimos meses, a potencial depreciação do câmbio em um cenário de forte aumento da aversão ao risco externo levaria a inflação ao consumidor a níveis acima do centro da meta do banco central e conseqüentemente conduzir a autoridade monetária a antecipar o ciclo de aperto.
A recente recuperação da atividade econômica seria interrompida, com o consumo das famílias sendo o principal motor de uma recessão.
Função de resposta ao impulso de cada variável para choque na aversão ao risco externo do VIX
Fonte: Banco Central do Brasil, Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE), Credit Suisse
A política monetária nos EUA é outro importante fator de risco
Outro fator de risco importante para 2019 e 2020 é o ritmo de aperto monetário nos EUA. Os efeitos sobre a atividade econômica e a inflação seriam similares aos observados no cenário alternativo de forte aumento da aversão ao risco externo.
Por exemplo, um aumento de 100 pbs na taxa dos Fed funds é compatível com a depreciação de 8% da taxa de câmbio real, fazendo com que a inflação ano a ano aumente em 40 pb nos próximos trimestres.
Função de resposta ao impulso de cada variável para choque na taxa de fundos do Fed
Fonte: Banco Central do Brasil, Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE), Credit Suisse
Aceleração da atividade econômica seria revertida
O banco central iniciaria um ciclo de aperto para combater os efeitos inflacionários da depreciação da taxa de câmbio e para manter a inflação próxima do centro da meta.
O aperto substancial das condições financeiras reverteria a recente retomada da atividade econômica. Os efeitos negativos sobre a demanda doméstica levariam a um declínio no consumo das famílias e, consequentemente, no PIB nos próximos trimestres.
Função de resposta ao impulso de cada variável para choque na taxa de fundos do Fed
Fonte: Banco Central do Brasil, Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE), Credit Suisse
O relatório completo (em inglês) pode ser acessado nesse link.
Fonte: Credit Suisse, traduzido e adaptado pela Equipe BeefPoint.