Me recordo claramente quando Carlos Maluhy, criador do Oeste de SP me procurou no stand da Agrishow de 2001 para convidar-me a visitar a bela fazenda Madeiral a fim de conhecer os jovens touros da raça Bonsmara, advin- dos de embriões sul-africanos importa- dos e nascidos em nosso pais. Foi uma experiência inesquecível poder contra- tar um dos primeiros touros Bonsmara para coleta de sêmen no Brasil, ainda sem imaginar sua enorme contribui-ção futura para a pecuária nacional de corte.
A raça Bonsmara teve sua introdução no Brasil através dos cha- mados “montaneiros”, criadores de Montana, que urdiam pelo uso das raças taurinas adaptadas como Bons- mara, Senepol, Caracu, Romosinuano e Belmont Red nas matrizes cruzadas Simental, Limousin, Angus ou Braun- vieh para se produzir o Montana – com- posto tropical. A surpresa foi geral com o resultado dessas raças adaptadas na produção desse tricross que apresenta altos níveis de heterose ou Vigor Hibrido e boa adaptação ao clima quente.
O grupo dos “montaneiros” que decidira selecionar Bonsmara foi em busca da melhor genética Sulafri- cana, importando embriões das mais diversas linhagens, formando o que é hoje o rebanho Bonsmara brasileiro.
Assim que fora criada a associa- ção da raça em 2001, um grupo de entusiastas decidira apostar em pes- quisas que comprovariam a tão famo-sa qualidade da carne. E foi através das pesquisas de Pedro Eduardo de Feli- cio, um dos maiores cientistas na área de tecnologia de carnes, que provou-se na pratica a tão comentada e publica- da maciez da carne do Bonsmara, mui- tas vezes comparada a carne do Angus. Tais pesquisas concluíram que real- mente a carne é muito macia, abrindo- -se então as portas para um programa de carne de qualidade com a raça.
Em 2001 é criado o Programa Bonsmara Beef, onde o principal ob- jetivo era fornecer a classe mais exi- gente de consumidores carne macia, com gordura de cobertura adequada e ao mesmo tempo saudável. O Progra- ma dependia de abates periódicos, sem poder falhar na constância de forneci- mento, aspecto esse que leva ao insu- cesso grande parte dos programas de carne de qualidade.
Nos últimos 3 anos vimos a ven- da de touros e sêmen Bonsmara crescer exponencialmente, fundamentado na produção de animais tricross, gerados através do uso da raça sobre fêmeas 1⁄2 sangue Angus, a “rainha da pecuá- ria nacional” como apelidei essa fan- tástica matriz Britânica produzida aos montes nos últimos 5 anos através da IATF e que vem servindo de base para a produção desses excepcionais cruza- dos Bonsmara de carne tão apreciada nas churrascarias e restaurantes finos da alta gastronomia.
Como sempre venho preconizan- do desde que tive contato com as raças adaptadas, o uso das mesmas sobre as matrizes cruzadas gera novamente al- tos níveis de heterose, onde os animais somente e tão somente expressarão seu alto potencial produtivo caso tenham a adaptabilidade e nível metabólico ade- quado para o clima e sistema de criação que serão expostos.
O Bonsmara esta a meu ver no seu auge, encontrando no campo essa matriz 1⁄2 sangue britânica pronta para ser enxertada com uma raça que gere choque de sangue, produza bezerros leves ao nascimento e bois com meta- bolismo ideal para responder com altos ganhos em peso a manejos nutricionais de alto nível, bem como terras mais va- lorizadas que não mais permitem ter- mos uma pecuária atrasada.
O aumento da disponibilidade de semen da genética Bonsmara “brasi- leira”, mais adaptada ao clima tropical aliado a profissionalização de nossa re- cria, através do sistema de Integração- -Lavoura-Pecuaria(ILP), e sobretudo o uso da melhor tecnologia nutricio- nal por parte dos confinamentos que se comprometem em entregar animais com o acabamento desejado aos pro- gramas, deve levar a raça a se destacar ainda mais no fornecimento de carne de qualidade no Pais.