O Bonsmara foi cientificamente criado e estritamente selecionado para criação extensiva em pastos variados da África do Sul, e se tornou tão popular que hoje é a raça de corte mais encontrada no país após vinte anos de seleção.
Conta a história de sua origem que, em 1937, o Governo da África do Sul reconheceu que as raças de gado de corte europeias não conseguiam sobreviver em condições satisfatórias no clima tropical/subtropical daquele país. Além disso, a principal raça nativa que eles dispunham, a Afrikaner, apesar de resistente ao calor e boa carne, tinha baixa produtividade. O governo sul-africano, então, lançou o desafio ao jovem zootecnista, na época, Jan Bonsma: criar uma raça de gado de corte que fosse resistente às condições próprias do clima tropical e, ao mesmo tempo, com alta produtividade.
O departamento de Agricultura africano decidiu testar a performance dos animais suas fazendas experimentais de Mara e Messina. Esse desafio deu início a uma série de cruzamentos do Afrikaner com várias raças europeias locais.
Os primeiros resultados já foram satisfatórios, sob condições de manejo na estação de Mara, melhorando o peso a desmama, peso final e a porcentagem de nascimentos nas vacas cruzadas. Através de seleção rígida de animais reprodutores um rápido progresso foi alcançado em vinte anos, obtendo animais com melhores performances do que as demais raças da região.
Os animais resultantes desses cruzamentos foram extensivamente avaliados, para que tivessem resistência ao calor (por exemplo, frequência respiratória e cardíaca, comprimento e grossura do pelo, capacidade de andar longas distâncias, quantidade de glândulas sudoríparas, etc.). Todo esse processo de medições e avaliações resultou em um animal 5/8 Afrikaner (Sanga) e 3/16 Hereford e 3/16 Shorthorn (Taurinos Britânicos), o qual tinha excelente “eficiência funcional”. Nenhum defeito que afetasse a performance e a reprodução dos animais era permitido. Muitas vezes, 100 % dos machos de alguns cruzamentos eram descartados, pois tinham algum problema na sua eficiência funcional. A Bonsmara é a única raça de gado de corte produzida pela ciência, cuja base é: fertilidade, musculatura, adaptação, docilidade e excelente qualidade de carne.
Mais e mais criadores impressionados com os resultados obtidos passaram a criar a raça. Atualmente 8 milhões de cabeças de gado de corte da África do Sul têm influência de Bonsmara, isto é, 60% do rebanho do país.
No Brasil
A África do Sul esteve até 1994 fechada para o mundo devido ao ‘Apartheid’. Porém, a partir desse ano o país passou a interagir com o restante do mundo. E, em 1997, o sêmen da raça Bonsmara, proveniente de embriões importados da Argentina, foi usado, no Brasil, num projeto de formação de raças compostas. O resultado foi muito bom e alguns criadores resolveram trazer a raça da África do Sul, pois acreditaram que ela poderia ajudar a solucionar uma dificuldade da pecuária dos trópicos; ter um touro sem sangue de Zebu que conseguisse trabalhar bem nessas condições de clima e produzisse animais com muita heterose e com carne de altíssima qualidade.
O protocolo sanitário Brasil-África do Sul permite somente o envio de embriões congelados. Portanto, um lote de vacas e touros foi criteriosamente selecionado na África do Sul e os embriões foram coletados e enviados ao Brasil.
Em 2000, nasceu a Associação Brasileira dos Criadores de Bonsmara, homologada no Ministério da Agricultura, e já existem criadores nas importantes regiões pecuárias do País.
Todo esse processo de desenvolvimento e manutenção da raça na África do Sul, desde a sua origem, resultou num sistema de produção, denominado posteriormente de “Sistema Bonsmara”. Os criadores brasileiros, pioneiros na importação da raça, primaram por trazer e manter o “Sistema Bonsmara” no Brasil.
O Bonsmara
Trata-se de um gado rústico que apresenta pelagem marrom avermelhada, pelos curtos e lisos, grosseiramente pigmentado. Musculatura muito bem distribuída, bom arqueamento de costelas, boa profundidade, comprimento de garupa proporcional e músculos muito compridos. Linha de dorço-lombo reta, um cupim arredondado a frente da inserção da paleta.
A raça Bonsmara pode ser usada com eficiência nos cruzamentos com matrizes zebuínas, principalmente Nelore e Tabapuã, produzindo animais F1 pesados com boa precocidade. O Bonsmara é muito bom em cruzamentos devido sua adaptabilidade a regiões quente e a sua resistência a parasitas.
É uma opção para quem deseja um cruzamento industrial com matrizes zebuínas buscando animais produtivos a campo e com bom peso final chegando a 800 kg em animais adultos. As fêmeas na F1 apresentam boa habilidade materna, sendo boas produtoras de leite, desmamando bezerros pesados e muito férteis, apresentando bom intervalo entre partos.